Por: Dra Ivana Fernandes Souza
As adolescentes são um grupo especialmente vulnerável, pois estão em uma fase de desenvolvimento, aprendendo a lidar com novas experiências e, muitas vezes, expostas a situações de risco. A falta de limites bem estabelecidos, aliada à busca por novas vivências, pode torná-las mais suscetíveis a decisões impulsivas, como as relações sexuais sem planejamento. Esse cenário aumenta a chance de gestação não planejada e a aquisição de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Visando fomentar ações de conscientização neste sentido, a primeira semana de fevereiro foi instituída em 3 de janeiro de 2019, pela Lei nº 13.798 como a SEMANA NACIONAL DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA. É um momento importante para refletirmos sobre o nosso papel na proteção e no bem-estar das adolescentes, garantindo que elas tenham o conhecimento e os recursos necessários para tomar decisões conscientes sobre sua saúde sexual e reprodutiva.
Felizmente, nos últimos anos, tem se observado uma queda significativa nas taxas de gravidez na adolescência no Brasil. De acordo com dados do IBGE e do Ministério da Saúde, a taxa de fecundidade entre adolescentes caiu cerca de 60% nas últimas duas décadas. Em 2000, eram 72,8 nascimentos por mil mulheres entre 15 e 19 anos; em 2020, esse número caiu para 27,5. Este progresso é resultado de diversas ações, como aumento da escolaridade, maior disseminação de métodos contraceptivos, maior acesso à informação nas redes sociais, políticas públicas focadas em saúde sexual e reprodutiva, e um aumento na conscientização sobre a importância do planejamento familiar. Além disso, o acesso à educação sexual nas escolas e campanhas de prevenção também desempenham papel crucial na redução desses índices.
Apesar da queda, comparativamente a outros países, o Brasil ainda enfrenta números relativamente altos. Nos EUA e na maioria dos países da Europa, as taxas de gravidez na adolescência são mais baixas, chegando a 15,4 nascimentos por 1000 mulheres entre 15 e 19 anos nos EUA e 6,4, na França. Isto se deve, principalmente a políticas públicas mais eficazes, maior acesso à educação sexual e contraceptivos, e a uma abordagem mais aberta ao tema. O exemplo desses países pode nos inspirar a fortalecer ainda mais as políticas de educação sexual, o acesso à saúde e a promoção do empoderamento das jovens, ajudando-as a fazer escolhas mais informadas e responsáveis.

𝐃𝐫𝐚 𝐈𝐯𝐚𝐧𝐚 𝐅𝐞𝐫𝐧𝐚𝐧𝐝𝐞𝐬 𝐒𝐨𝐮𝐳𝐚
Ginecologista
Pós graduada em Medicina do Adolescente
Membro da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia da infância e Adolescência (SOGIA)
Fellow em Ginecologia da Infância e Adolescência pela International Federation of Childhood and Adolescent Gynecology
Prof. do Curso de Medicina da UNISUL
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